Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia atinge cerca de 3% dos brasileiros — quase sete milhões de pessoas. Mistério para medicina e motivo de discordância entre especialistas, as causas das dores difusas pelo corpo que caracterizam a enfermidade ainda não estão totalmente esclarecidas, o que dificulta seu diagnóstico e seu tratamento. O que já se sabe é que a fibromialgia se manifesta com dores crônicas no corpo e sem motivo aparente. Elas dores podem estar associadas a outros sintomas, especialmente a fadiga, alterações no sono e distúrbios de humor, entre eles ansiedade e depressão.
Não há exames clínicos ou de imagem que identifiquem a doença. Uma de suas características é a inexistência de inflamações ou infecções nos músculos e articulações. A medicina também não consegue explicar ainda porque a enfermidade é mais frequente em mulheres, que representam nove a cada dez diagnósticos. Além disso, os sintomas podem ser diferentes de pessoa para pessoa.
Outros sintomas que podem estar associados são a sensibilização do sistema nervoso central e uma menor densidade de fibras nervosas na epiderme. O primeiro é uma alteração neuroquímica que produz em maior quantidade substâncias quem amplificam a dor e em menor as que inibem a sensação. Já a segunda, recém descoberta por pesquisadores americanos, está relacionada à redução de fibras nervosas na epiderme (camada mais superior da pele), o que pode tornar dolorido um simples toque.
Diagnóstico
Por estes motivos, o diagnóstico da fibromialgia é clínico e eliminatório. O caminho para descoberta e tratamento às vezes é longo. Isso porque inicialmente os pacientes querem se livrar da dor e acabam recorrendo à automedicação com uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Como as dores não cessam e até pioram, as consultas médicas com ortopedistas, reumatologistas ou médicos especializados em dor passam a ser consideradas.
Atualmente, é necessário a constatação de dor nos quatro quadrantes do corpo — partes superior e inferior e lados direito e esquerdo – por pelo menos três meses (o que caracterizam dores crônicas) e a associação com outros sintomas, especialmente ansiedade, distúrbios no sono, fadiga e depressão. Médicos psiquiatras e psicólogos ajudam não só no diagnóstico final como no tratamento da fibromialgia.
Tratamento
No tratamento da fibromialgia, o mais importante é a parte não medicamentosa. A prática de atividade física com regularidade é fundamental para reduzir as dores. Movimentar o corpo ajuda a evitar contraturas musculares, que podem ocorrer em pacientes com a síndrome. As contrações musculares ocorrem quando o músculo se contrai de forma incorreta e não consegue voltar ao seu estado normal no momento de relaxamento.
Higiene do sono e psicoterapia também são partes importantes no tratamento. A qualidade ruim do sono está relacionada à ansiedade, ao estresse e à fadiga, sintomas que podem estar associados à fibromialgia. Estudos mostram que não existe dor física que não tenha aspecto emocional. Por isso é importante esse tratamento multidisciplinar.
O tratamento psiquiátrico é reservado aos pacientes com distúrbios mais graves, como depressões mais fortes e psicoses depressivas, mas como tudo em torno da fibromialgia, não é uma regra.
FONTE: uol.com.br/vivabem